A cada dia, confiamos um volume colossal de informações pessoais ao mundo digital. Seja nas redes sociais ou nas compras online, nossos dados pessoais se tornam cada vez mais presentes no ambiente virtual. No âmbito empresarial, a situação se torna ainda mais complexa, com registros de clientes, detalhes financeiros e informações de funcionários circulando constantemente pela rede.
Diante desse cenário, surge a indagação: a que riscos esses dados estão expostos? E, principalmente, como podemos protegê-los?
Os riscos do mundo digital
O cibercrime representa uma das maiores ameaças que os dados compartilhados (ou armazenados) no ambiente virtual enfrentam. Um estudo recente do Instituto Datafolha, encomendado pela Mastercard, revelou que 64% das empresas brasileiras já sofreram fraudes ou ataques cibernéticos, um aumento de 7% em relação a 2021.
Este aumento sugere um potencial despreparo por parte da maioria dessas firmas em termos de segurança cibernética. Algo que deve ser remediado com urgência, senão toda a população estará exposta a possíveis vazamentos e usos inadequados de suas informações.
O problema do trabalho remoto
Um dos fatores mais importantes para o crescimento do crime cibernético nos últimos anos foi a popularidade do trabalho remoto, sobretudo após a pandemia da COVID-19. Isso porque, embora esse movimento tenha trazido muitos benefícios tanto aos trabalhadores como às empresas, ele também esmaeceu os limites entre as esferas pessoal e profissional.
Essa indefinição, por sua vez, se fez um problema porque introduziu novos riscos de segurança. Os dados das empresas passaram a ficar mais vulneráveis, por exemplo, quando os funcionários decidem trabalhar remotamente e os acessam de uma rede doméstica não segura ou, ainda pior, de uma conexão Wi-Fi pública.
Práticas essenciais de segurança cibernética
Mas nem tudo está perdido. A verdade é que, felizmente, a implementação de boas práticas e medidas eficazes de segurança cibernética é bem simples e pode ser feita até mesmo por pequenas empresas.
Aqui estão as principais:
- Instalar uma rede virtual privada: As redes virtuais privadas, também conhecidas como VPN, são ferramentas capazes de criptografar todos os dados sendo transmitidos pela rede e, assim, garantir uma proteção robusta dessas informações contra potenciais ataques criminosos. Ao visitar um site de VPN e adquirir um serviço confiável, as empresas podem assegurar a troca de arquivos confidenciais por seus funcionários, mesmo quando estes fazem trabalho remoto.
- Senhas fortes e autenticação de dois fatores: A primeira linha de defesa contra as principais ameaças da rede é uma política robusta de criação e manutenção de senhas. As companhias devem requerer que os funcionários usem combinações longas e complexas de caracteres, certificando-se de que sejam exclusivas para cada conta. A autenticação de dois fatores também é um recurso interessante, pois adiciona uma camada extra de segurança, exigindo um código de verificação secundário após inserir uma senha. Com a utilização desses dois elementos, é possível aumentar significativamente o nível de proteção das contas corporativas.
- Atualizações de software: O uso de software desatualizado pode significar uma porta aberta aos cibercriminosos. Isso porque as atualizações trazem consigo melhorias e reparos de possíveis vulnerabilidades que os cibercriminosos podem explorar. É recomendável, portanto, que as empresas implementem uma política de atualizações regulares de software em todos os dispositivos e sistemas.
- Treinamento de funcionários: Conhecimento é poder. Investir em treinamentos regulares com os colaboradores sobre segurança cibernética, educando-os sobre ameaças e golpes recorrentes, como estratégias de phishing, e sobre como identificar e-mails e anexos suspeitos é uma medida indispensável. O treinamento de olhos atentos a detalhes importantes, como erros de digitação ou variações estranhas nos endereços de e-mail ou URL, pode prevenir incidentes importantes de cibersegurança e deve ser encorajado dentro da empresa.
- Backups de dados: A realização de backups regulares de dados pode ser um colete salva-vidas para o contínuo funcionamento das empresas. No infeliz caso de um ataque cibernético, especialmente em episódios de infecção por ransomware, um backup seguro garante que a companhia possa restaurar informações críticas rapidamente e seguir seu trabalho normal, sem precisar paralisar suas atividades enquanto resolve o problema.
Uma abordagem estratégica
Segundo a pesquisa do Datafolha, mesmo que 84% das companhias brasileiras reconheçam a relevância da cibersegurança, apenas 35% têm uma postura ativa nesse quesito. Isso é um problema porque a adoção de medidas, como as mencionadas acima, afeta não apenas a segurança dos dados dos consumidores, mas também a reputação das empresas.
O fato é que firmas que priorizam a segurança cibernética constroem confiança e lealdade de seus clientes e, assim, promovem uma vantagem competitiva no mercado. Investir em cibersegurança é, desta forma, mais que uma política de defesa, é uma abordagem estratégica.
Uma ameaça global
Decerto, o cenário apresentado não é exclusivo do Brasil. O crime cibernético é um fenômeno global, que cresce em todos os cantos do planeta. A infelicidade é que o país detém a segunda posição dentre os maiores alvo de ataques cibernéticos na América Latina, além de possuir uma cifra preocupante de companhias totalmente desprotegidas.
Por isso, faz-se urgente que as empresas em território nacional melhorem suas estratégias e implementem as práticas descritas acima para promover uma cultura de conscientização e preparo em relação à segurança cibernética no ambiente corporativo. Com elas, afinal, é possível reduzir significativamente o risco de ataques e vazamentos perniciosos a seus clientes e à sua reputação.
Vale a pena, portanto, dedicar tempo e energia na instalação de sistemas mais robustos e atualizados de proteção para evitar potenciais problemas no futuro.
Imagem de Kris por Pixabay